NÃO FALAVA NEM TINHA consciência de nenhuma forma. Seu
cérebro era minúsculo apesar do tamanho descomunal do crânio, para ele a vida
era comer e dormir. Às vezes o sono durava eternidades e quando acordava, desespero e
morte seguiam seu caminho.
Estava escondido no meio de uma enorme floresta, sobre as
sombras de gigantescas árvores seculares. Seu sono já durara por décadas,
ele foi esquecido pelo mundo e uma grossa camada de musgo e folhas
apodrecidas grudava sobre o espesso couro de suas costas. Aqui e ali se podia
ver o branco do osso que perfurava a pele. Mas ao que tudo indicava, iria
dormir por mais tempo e se os deuses quisessem, por todo o sempre.
Foi fruto dos sonhos atormentados de Mírr. Em que o deus
acreditava poder existir algo maior, mais poderoso que qualquer divindade,
criaturas capazes de devorar os imortais.
Já que era sua criação inconsciente, Mírr não conseguia
controlá-lo muito bem, mas o monstro servil de varias formas a seus propósitos.
Feito um selvagem animal de estimação, a criatura dos sonhos, já devorou
vários de seus desafetos.
Levando o som de sua voz pelo vento, pois não se atrevia
chegar muito perto de pesadelo. Mírr, conseguia alcançar na forma de sussurro os
ouvidos calejados do monstro e o atiçava. Mostrando que à hora da comida
avia chegado.
O irmão invejoso de Venial estava planejando um
encontro do herói com pesadelo, o pior de seus sonhos.
Acordou se espreguiçando e mostrando enormes mandíbulas.
Não se assemelhava a nenhum animal conhecido pelo homem comum. Derrubou todas
as árvores que o prendiam naquele lugar, abrindo seu caminho mais uma vez,
arrastou sua enorme barriga vazia, para dentro do mundo dos homens. Pesadelo
acordou e tinha um objetivo bem definido, estava com fome e precisava se alimentar.
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