sexta-feira, 10 de outubro de 2014

O DEVORADOR DE DEUSES

NÃO FALAVA NEM TINHA consciência de nenhuma forma. Seu cérebro era minúsculo apesar do tamanho descomunal do crânio, para ele a vida era comer e dormir. Às vezes o sono durava eternidades e quando acordava, desespero e morte seguiam seu caminho.

Estava escondido no meio de uma enorme floresta, sobre as sombras de gigantescas árvores seculares. Seu sono já durara por décadas, ele foi esquecido pelo mundo e uma grossa camada de musgo e folhas apodrecidas grudava sobre o espesso couro de suas costas. Aqui e ali se podia ver o branco do osso que perfurava a pele. Mas ao que tudo indicava, iria dormir por mais tempo e se os deuses quisessem, por todo o sempre.

Foi fruto dos sonhos atormentados de Mírr. Em que o deus acreditava poder existir algo maior, mais poderoso que qualquer divindade, criaturas capazes de devorar os imortais.

Já que era sua criação inconsciente, Mírr não conseguia controlá-lo muito bem, mas o monstro servil de varias formas a seus propósitos. Feito um selvagem animal de estimação, a criatura dos sonhos, já devorou vários de seus desafetos.

Levando o som de sua voz pelo vento, pois não se atrevia chegar muito perto de pesadelo. Mírr, conseguia alcançar na forma de sussurro os ouvidos calejados do monstro e o atiçava. Mostrando que à hora da comida avia chegado.

O irmão invejoso de Venial  estava planejando um encontro do herói com pesadelo, o pior de seus sonhos. 


Acordou se espreguiçando e mostrando enormes mandíbulas. Não se assemelhava a nenhum animal conhecido pelo homem comum. Derrubou todas as árvores que o prendiam naquele lugar, abrindo seu caminho mais uma vez, arrastou sua enorme barriga vazia, para dentro do mundo dos homens. Pesadelo acordou e tinha um objetivo bem definido, estava com fome e precisava se alimentar.




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