quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

SOLDADO DO REI




ENTÃO ENTROU, SENTOU NA cadeira e colocou a espada no colo, se pôs a falar.

“Não quero heróis. Todos são lenda ou não existem ou são fruto de pura balela, mas sismo em admirá-los. São tudo que não sou, fazem tudo que não fiz.”

“Já lutei em guerras e matei alguns homens. Conheci muitos dos que se diziam heróis e vi alguns deles morrerem de maneiras humilhantes. Não pense que sou um deles, nada do que fiz foi considerado impossível de ser feito.”

Se ajeitou em seu acento, coçou demoradamente a barriga proeminente. Suas mãos eram grossas e calejadas, tinha muito pelo cobrindo os braços e escapulindo pela gola de sua camisa.

“Sou um soldado pago pelo rei, deus o salve e cuide de sua saúde. Todos dependemos dele! Que tenhamos muitas guerras para lutar, pois lá vou estar e quem sabe, me tornar um Herói...”

Soltou uma gargalhada e acrescentou:

“Só morrendo, eu sei!”

Três moedas de ouro retiniram no balcão.

“Que seja pago uma rodada para todos, vamos ficar bêbados.”

Dei um leve sorriso de satisfação e me pus a escrever em um minúsculo livro de capa escura e folhas amareladas. 

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