FABIO PAULO VIAJAVA EM grande velocidade
por uma auto-estrada do interior. Os faróis desregulados de seu carro cortavam
a escuridão, pontuados de minuto a minuto os olhos de gato passavam despercebidos.
E o radio tocava, Raul. Tentando
se manter acordado, Fabio arregalava os olhos pesados pelo sono. Tinha que
chegar a cidade do Vale às 6 h da manhã e muitos quilômetros existiam em sua
frente.
“Eu nasci há dez mil anos atrás
e não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais.”
Perdeu a consciência por alguns
segundos, a música já se tornara outra e as rodas ainda andavam pela estrada. Tinha
que chegar... Tinha que chegar... Suas pálpebras se fecharam novamente e no
momento que isso aconteceu, Fabio nada percebeu, apenas dormiu.
Acordou em um ambiente iluminado.
O frio entrava em seus pulmões, não conseguia falar, apenas se dispôs a gemer.
Onde estava? Com certeza tinha batido com o carro e fora internado.
Sua visão ficara embaçada, vil
um rosto aparecer ao seu lado. Sentiu que tocavam nele e voltou a dormir.
Vozes indefinidas, sombras,
sensações de frio e calor, desconforto foi o que conseguiu definir sobre o sono
que teve.
E acordou novamente em seu
carro. Tinha estacionado a beira da estrada e Raul continuava a cantar:
“Eu vi Cristo ser crucificado. O amor nascer
e ser assassinado. Eu vi as bruxas pegando fogo pra pagarem seus pecados.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário