quarta-feira, 28 de maio de 2014

SEQUESTRO



FABIO PAULO VIAJAVA EM grande velocidade por uma auto-estrada do interior. Os faróis desregulados de seu carro cortavam a escuridão, pontuados de minuto a minuto os olhos de gato passavam despercebidos.

E o radio tocava, Raul. Tentando se manter acordado, Fabio arregalava os olhos pesados pelo sono. Tinha que chegar a cidade do Vale às 6 h da manhã e muitos quilômetros existiam em sua frente.

“Eu nasci há dez mil anos atrás e não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais.”

Perdeu a consciência por alguns segundos, a música já se tornara outra e as rodas ainda andavam pela estrada. Tinha que chegar... Tinha que chegar... Suas pálpebras se fecharam novamente e no momento que isso aconteceu, Fabio nada percebeu, apenas dormiu.

Acordou em um ambiente iluminado. O frio entrava em seus pulmões, não conseguia falar, apenas se dispôs a gemer. Onde estava? Com certeza tinha batido com o carro e fora internado.

Sua visão ficara embaçada, vil um rosto aparecer ao seu lado. Sentiu que tocavam nele e voltou a dormir.

Vozes indefinidas, sombras, sensações de frio e calor, desconforto foi o que conseguiu definir sobre o sono que teve.

E acordou novamente em seu carro. Tinha estacionado a beira da estrada e Raul continuava a cantar:

“Eu vi Cristo ser crucificado. O amor nascer e ser assassinado. Eu vi as bruxas pegando fogo pra pagarem seus pecados.”


Nenhum comentário: