INCAPAZ
SOU EU DE DIZER esse eterno clichê: “ti amo” afirmação incompleta, porque logo depois
deveria vir o pedido de: “Quer ser minha namorada”, Isadora espero que entenda.
Por isso fico preso entre outra eterna questão, a do não.
Tento escrever
essa carta só como um passa tempo, depois a rasgarei, talvez esperando que o
amor que penso ter por você suma em um passe de mágica, no simples picotar da folha.
Somos bastante
amigos, sei que você gosta de estar do meu lado, sei que muitas vezes quer
minha companhia. Não por amar esse garoto, criança que sou, mas por me achar interessante
por falar o que você gosta e de nenhum modo ti contradizer e eu me divirto com isso.
Seu personagem
preferido, justamente um detetive de que li todas as histórias. Me fala de
Sherlock Holmes e eu ti apresento Poirot. Conhece Romeu e Julieta e eu Tristão
e Isolda. E assim por diante, um,
completando, o outro. E você sorrindo a todo instante!
É uma tortura
para mim e, ao mesmo tempo como já disse me divirto.
Não sei se é
verdade, mas já me falou que gosta de imaginar coisas irreais. Como uma árvore crescendo
em uma velocidade espantosa, deste da semente plantada a poucos centímetros de
baixo da terra ao troco criando forma e as folhas e flores aparecendo
magicamente. Consigo imaginar nos mínimos detalhes.
Também tenho o
costume de imaginar e agora me vem à cabeça que sua árvore começa a dar frutos,
mas que por estarem muito no alto, não consigo pegá-los. As folhas caem já
amareladas pelo tempo, as vejo rodopiar como se não tivessem peso. Os frutos
não estão mais lá, os galhos completamente secos. E só aí percebo que estou dizendo
besteiras.
De seu
amigo, Isaias.
14
de setembro de 2013
PS: Agora decido que não vou
rasgar a carta. Não vale apena, é uma lembrança boa!
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