sábado, 14 de setembro de 2013

A CARTA QUE NÃO FOI




INCAPAZ SOU EU DE DIZER esse eterno clichê: “ti amo” afirmação incompleta, porque logo depois deveria vir o pedido de: “Quer ser minha namorada”, Isadora espero que entenda. Por isso fico preso entre outra eterna questão, a do não.

Tento escrever essa carta só como um passa tempo, depois a rasgarei, talvez esperando que o amor que penso ter por você suma em um passe de mágica, no simples picotar da folha.

Somos bastante amigos, sei que você gosta de estar do meu lado, sei que muitas vezes quer minha companhia. Não por amar esse garoto, criança que sou, mas por me achar interessante por falar o que você gosta e de nenhum modo ti contradizer e eu me divirto com isso.

Seu personagem preferido, justamente um detetive de que li todas as histórias. Me fala de Sherlock Holmes e eu ti apresento Poirot. Conhece Romeu e Julieta e eu Tristão e Isolda.  E assim por diante, um, completando, o outro. E você sorrindo a todo instante!

É uma tortura para mim e, ao mesmo tempo como já disse me divirto.

Não sei se é verdade, mas já me falou que gosta de imaginar coisas irreais. Como uma árvore crescendo em uma velocidade espantosa, deste da semente plantada a poucos centímetros de baixo da terra ao troco criando forma e as folhas e flores aparecendo magicamente. Consigo imaginar nos mínimos detalhes.

Também tenho o costume de imaginar e agora me vem à cabeça que sua árvore começa a dar frutos, mas que por estarem muito no alto, não consigo pegá-los. As folhas caem já amareladas pelo tempo, as vejo rodopiar como se não tivessem peso. Os frutos não estão mais lá, os galhos completamente secos. E só aí percebo que estou dizendo besteiras.

De seu amigo, Isaias.
14 de setembro de 2013


PS: Agora decido que não vou rasgar a carta. Não vale apena, é uma lembrança boa! 

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