Um lufar de vento no
rosto, cheiro de grama, canto de pássaros, sombra e luz... Ele acorda e de
alguma forma percebe que está sonhando. Ainda não abriu os olhos, mas aquelas
sensações não eram a de seu quarto. Agora mesmo estava deitado em sua cama
debaixo dos cobertores, acabara de ler um livro e ido dormir.
Toma coragem e só então se
atreve a abrir os olhos e, vê um céu de azul escura. Já de pé, espantado, sem
saber onde está e como avia parado ali todo vestido, com seu tênis e causa, uma
camisa azul desabotoada sobre outra preta.
Para todos os lados que
se virava só via árvores, inclusive estava perto de uma gigantesca, que
sustentava em seus galhos centenas de cipós e plantas sugadoras de sua seiva.
- Que estranho, parece
tão real. – Diz acreditando que tudo fosse um sonho.
- Como assim garoto? Tudo
aqui é bem real.
Levando um susto imenso percebe
uma menina sorridente que o encara bastante curiosa. Menina de seus 15 a 17
anos, cabelos longos, cacheados e acobreados, usava um vestido que descia aos
joelhos.
- Eu estou sonhando, não?
- Não seja bobo você está
bem acordado, não vê? – Diz ela rindo daquela inacreditável pergunta. - Ou
pensa que eu não existo!
- Sim, mas...
- não nada de mas, venha
comigo já esta começando a anoitecer e você não vai gostar de ficar aqui. – Ela
lhe entrega um livro, de uma forma bastante cuidadosa. Como se tivesse medo de
que ele caísse no chão e se estragasse. – isso é seu, não é? Você sabe que não
pode mostra-lo a ninguém? – depois de dizer isso se afasta.
Ele curioso vira o livro
de um lado para o outro e reconhece na capa o que avia acabado de ler em seu
quarto. Notando que ela já ia longe a seguiu.
- Ei me espera, aonde
vamos?
- Para o vilarejo é
claro.
- Como você se chama
garota?
- Garota? – Ela se vira
irritada. – Eu não sou uma criança, sou uma moça. Entendeu! E meu nome é Joyce.
Como você se chama garoto? – pergunta ela ironicamente!
- Me desculpe Joyce, mas
eu não sabia seu nome e queria chamar sua atenção. Meu nome é Natanael.
- Sim Natanael, vamos. -
Disse ela começando a correr.
Um vilarejo apareceu por
entre as árvores, com umas cinquenta casas espalhadas em torno de um rio largo.
Natanael correu muito, chegando sem fôlego na entrada do vilarejo.
- Onde estamos Joyce?
No vilarejo de <<sório>>
meu pai é o chefe tenho que levar você a ele, hoje você dorme lá em casa.
Amanha vamos saber de onde você veio.
As casas eram feitas
exclusivamente de madeira, as portas e janelas, inclusive o telhado. A que
Joyce morava era uma das primeiras.
Natanael ia pensativo,
mil justificativas brotavam em sua mente sobre como avia parado naquele lugar. Garoto
que lia muito imaginava que de alguma forma fora transportado para dentro de
uma história fantástica, mas não se lembrava de ter lido nada em relação a uma
menina como Joyce ou ao vilarejo aonde ela vivia.
Em uma das primeiras
casas, apareceu um homem forte e com as feições marcadas de cicatrizes, vestia
roupas pesadas, mistura de lã e couro. Franziu o rosto ao ver Joyce acompanhada
por Natanael que se sentiu intimidado ao ver aquele homem com cara de poucos
amigos olhado serio em sua direção.
- Pai... Encontrei um menino
na floresta. Ele precisa de abrigo e tem uma coisa muito rara com ele, um
livro!
O homem se assustou
percebendo as dificuldades que vinham com aquele garoto. Um possuidor de livros
nunca poderia trazer coisas boas, para ninguém!
- De onde você veio
menino, e como conseguiu um livro?
Natanael não acreditava
no que tinha escutado, realmente estava dentro de uma história, e como em todas
as histórias muitas aventuras estavam por vir. Aquilo o deixava ansioso. Ainda
não tinha largado de lado a hipótese de tudo ser um sonho, mas se fosse seria o
sonho mais real que já teve.
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